ALBERTO
MOREIRA CAMPOS
Os estudos secundários foram feitos no Colégio Marista, onde teve uma
consistente educação religiosa, a ponto de se tornar seminarista na capital de
Pernambuco, o que lhe rendeu grande trato com o latim. O esporte também fez
morada na vida do jovem Alberto Campos. Na Veneza brasileira, vestiu as cores
do Sport Club do Recife, pelo qual foi ponta esquerda
Filhos de pai português de pouco
estudo, mas empreendedor, Alberto e seus cinco irmãos ganharam uma polpuda
herança quando da morte do genitor. Todavia dilapidaram a fortuna como se não
houvesse amanhã. Os herdeiros gastaram a dinheirada com coisas mundanas e
avistaram nuvens plúmbeas no horizonte. Nas idas e vindas da vida, o
ex-seminarista recebe outro chamado: o da Odontologia. Ingressa na Faculdade de
Medicina do Recife e cola grau a 7 de dezembro de 1933. Tão logo empunha o
diploma monta consultório na capital, onde clinica por pouco tempo. Casa-se em
primeiras núpcias com Maria José Granja, com quem teve uma filha por nome
Dejardiére. O casamento não vai à frente. Em seguida, parte para Igarassu, na
Região Metropolitana. E da cidade litorânea pernambucana segue para Caicó,
destino de quem saia do Recife, via Igarassu.
Na “capital” do Seridó, Alberto faz duas
amizades improváveis que mudariam sua vida. Conhece os próceres da política
potiguar, notadamente Dinarte Mariz e Walfredo Gurgel. Visando voos mais altos,
Campos se muda para Natal, onde monta consultório em um prédio de dois
pavimentos na avenida Rio Branco com a rua Ulisses Caldas. Ingressa na política
e se candidata a deputado estadual pelo
Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Não
obtendo êxito, vai trabalhar na Legião Brasileira de Assistência (LBA), à época
situada à avenida Bernardo Vieira, hoje Nevaldo Rocha. Egresso da LBA, ingressa
na Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
CARREIRA
Na UFRN, Alberto Campos deixou seu nome no panteão daquela instituição
de ensino, onde exerceu diversos cargos. Em 1948 é nomeado para reger a Cadeira
de Clínica Estomatológica da Faculdade de Odontologia, por ato do Governador
José Augusto Varela. Dez anos depois, em 1958, recebe outra nomeação. Desta
feita para o cargo de Dentista, do Quadro Geral de Pessoal do Serviço Social da
Indústria (SESI). No ano de 1960, nova nomeação
para a função de Dentista pelo então Governador Dinarte Mariz. Em 1966, Campos
é designado pelo Magnífico Reitor da UFRN, Onofre Lopes da Silva, para ser
coordenador de Odontologia junto ao Centro Rural Universitário de Treinamento e
Ação Comunitária
(CRUTAC)
Notável em seu campo de trabalho, toma posse no ano de 1967 como Diretor
da
Faculdade de Odontologia, ficando no cargo até
1971. Um ano depois assume o posto de Professor Titular da citada faculdade.
No mesmo 1972 é nomeado professor Catedrático da UFRN. No período de 1974 a
1976, assume a chefia do Departamento de Odontologia Clínica. Dois anos
se passam, e em 1978 o professor Campos recebe a Medalha do Mérito
Universitário, no Grau de Oficial. Para coroar a carreira na academia, em 1980
granjeia o título de Professor Emérito da UFRN com Geny nos braços do Senhor para lá continuarem a se amar.
Ainda na academia, Alberto Campos foi chefe de gabinete de vários
reitores, especialmente Onofre Lopes, Genário Fonseca e Domingos Gomes de Lima.
A sua contribuição para o crescimento do Curso de Odontologia é
inegável. Por meio de suas iniciativas, capacitou e qualificou incontáveis
profissionais para o mercado de trabalho. Com a construção da nova
sede da Faculdade de Odontologia, na avenida Salgado Filho, em amplas
e modernas acomodações, cresceu a necessidade de aumentar o quadro docente com
Curso de Pós- Graduação, assim como qualificar o existente.
Pensando sempre na excelência dos profissionais, Alberto usou a Pós-Graduação
em Odontologia, na cidade de Bauru, no interior do Estado de São Paulo, como
porta de acesso para que os recém-formados em Odontologia ingressassem na
docência da Faculdade.
Pelos notáveis e relevantes serviços prestados à Faculdade de
Odontologia, empresta o nome à Biblioteca Setorial. Também é homenageado com o
nome de rua Professor Alberto Moreira Campos, CEP:
5908-520, no bairro de Nova Parnamirim, na zona Sul. Campos também foi
presidente da Comissão Permanente de Tempo Integral e Dedicação
Exclusiva (Copertide), que, à época, cuidava da avaliação e concessão do regime
de trabalho dos professores da UFRN, tempos depois rebatizada de Comissão
Permanente do Regime de Trabalho. Nos dias de hoje recebe o nome de Comissão
Permanente de Pessoal Docente (CPPD). Alberto Campos trabalha na UFRN
até atingir a idade da aposentadoria compulsória, aos 70 anos. Incapaz
de viver longe da academia, regressa à Universidade, sem ônus, para prestar
serviços na Coordenação dos Campi, que funcionava em uma pequena edificação
com pouco mais de 60 metros quadrados, próxima ao Setor de Aulas Teóricas I, no
Campus Central da
UFRN.
HONRARIAS
O professor Campos já fazia parte e movimentava-se com desenvoltura no seio da sociedade natalense, quando em 25 de janeiro
de 1967 o seu nome foi proposto para integrar o Quadro de Maçons da
Loja Maçônica Bartolomeu Fagundes, que pertence ao Grande Oriente
Independente do Estado do Rio Grande do Norte (Goiern). A apresentação do nome
de Alberto coube ao amigo e colega de profissão, Ascendino Henriques de
Almeida Junior, sendo aceito, por A iniciação ocorreu no dia 5 de agosto do
mesmo ano, no grau de Aprendiz. No ano seguinte, passou ao grau de Companheiro
para, em seguida, passar a Mestre Maçon. Na Maçonaria, Alberto percorreu uma
trajetória de sucesso, ocupando vários cargos, tanto no âmbito da sua loja
Maçônica, como no âmbito do Goiern.Foi Primeiro Experto, Orador, Secretário,
Conselheiro Estadual e Deputado na /Soberana Assembleia Legislativa Maçônica
por várias legislaturas, chegando ainda a Grande Inspetor da Ordem (Grau 33)
VIDA PESSOAL
Logo que chegou a Natal, Alberto Campos
conheceu a jovem ceará-mirinense Geny Brandão, escrevente da Rede Ferroviária
Federal S.A. (RFFSA). O primeiro alumbramento foi nas areias escaldantes da
praia, hoje conhecida como dos Artistas. E o amor à primeira vista logo tomou
morada no coração do pernambucano. Ainda na praia, quando deu sua hora, Geny
recolheu seus pertences para voltar para sua residência na avenida Presidente
Bandeira. Morava com a família. Alberto a seguiu e nas proximidades da casa da
pretendida, pediu a um adolescente para levar um bilhete até as mãos de Geny. A
investida não surtiu efeito de imediato. Após novas tentativas e de paciência
bíblica, Alberto, com muito tato, conquistou o coração de sua amada para
sempre.
Consolidado o matrimônio, o casal vai morar na rua Trairi, no bairro de Petrópolis. Em seguida, na rua Senador Guerra, na Cidade Alta, avenida /Presidente Bandeira, no Alecrim, voltando para a rua Trairi. Ainda em Petrópolis, Alberto, Geny e filhos moram em três casas distintas na rua Ana
Neri,e, finalmente, em 1967, o odontólogo adquire uma casa própria na rua
Tenente Brandão, no Alecrim.
Do laço matrimonial entre ALBERTO E GENY, nasceram sete rebentos,
nomeadamente Roberto Campos (morto
prematuramente), Sônia Paiva Campos, Lígia Campos, Geniberto Campos, José
Ferreira Campos, Paulo Roberto Paiva Campos e João Maria Paiva Campos (Joca).
Amigos e familiares descrevem Alberto Campos
como um homem elegante e de bom coração. Era um cidadão solar. Apreciava
dias ensolarados na sua casa da cidade, na granja ou na casa de praia. Mas ao
cair da tarde era tomado de uma melancolia que só encontrava consolo em Geny.
Cidadão de hábitos simples, no meio da semana gostava de fazer compras de
mantimentos para a casa. Escolhia mercadinhos de bairro, em vez de supermercados.
Optava por comprar um item por dia para ter o que fazer todos os dias da
semana. Aos domingos costumava fazer compras em uma feira insta fim, em sessão realizada a 5 DE ABRIL DE 1967
FONTE –
GAZETA DE NATAL